segunda-feira, 27 de junho de 2011


Por: Tati Bernardi

“Estou há horas no MSN e sobe a plaquinha de você entrando. Paro tudo que estou fazendo e repito em mantra: eu não gosto dele, eu não gosto dele, eu não gosto dele.

Acho que consegui estragar todos os meus relacionamentos simplesmente porque gostei demais das pessoas. Dessa vez quero acertar, por isso combinei comigo que, apesar de estar morrendo por você, eu NÃO gosto de você.

Espero você vir falar comigo. Um, dois, três, dez segundos. Meu coração dispara, mas eu mando ele parar. Estraguei todos os meus relacionamentos de tanto que meu coração dispara. Dessa vez quero acertar, dessa vez quero que alguém fique comigo sem temer esse coração que me engole. Cansei de ser sempre aquela garota certinha, bonitinha, perfeitinha... Mas que sente demais, fala demais, ama demais.

Chega. Dessa vez vou acertar. Não vou chorar na sua frente porque acho um absurdo uma criança na rua e a TPM veio louca dessa vez, também não vou acordar pra te olhar dormir no meio da noite, nem beijar seu rosto com ternura, nem gostar de você como naquela canção do Legião - que diz que é como se não houvesse amanhã. Eu gosto das pessoas pelo prazer de gostar e não porque deu tempo de gostar delas. E ninguém entende nada. E todo mundo se assusta. Mas prometo ser uma menina normal dessa vez.

Você não sabe por que eu não respondo suas mensagens a dois dias. Eu te conto que é porque estava muito muito ocupada. Minhas amigas sempre usam essa desculpa. Eu era a insana que mal lia uma mensagem e já respondia quase simultaneamente. Ou pior: eu era a insana que escrevia as barbaridades e mandava por email.

Mas dessa vez tô ignorando as mensagens. Mas você jamais vai saber disso.

E jamais vai saber mesmo, sabe por quê? Porque você é o primeiro homem do mundo que não sabe que eu escrevo sobre a minha vida. Que não sabe da existência desse blog. Chega. Todos os homens morrem de medo disso. E eu não agüento mais essa cantoria velha e covarde. Você é diferente, mas eu não to afim de arriscar não. Chega.

Você me salvou. Eu não agüentava mais pensar nos mesmos caras que eram sempre os mesmos caras. Com as mesmas roupas, com os mesmos assuntos, andando com os mesmos amigos. Você é novinho em folha e eu sou louca por você. Mas tudo isso eu não te conto pra você não achar que eu sou louca. Chega. Dessa vez vou fazer tudo certo.

Já perdi a conta do quanto a gente já conversou e apesar de eu me encantar com os seus olhos, com as suas palavras, com a sua inteligência e esse charme de quem sabe o que quer... Eu nunca te elogiei. Eu quero eternizar o seu sorriso lindo – mas eu nunca falei dele pra você. Nem falei do seu cheirinho bom. Que é o cheiro de uma nova vida que eu estava precisando tanto. Não quero falar que te adoro principalmente porque eu já nem sabia mais como era adorar alguém novinho em folha antes de você aparecer. Não, eu não vou sonhar com você. Chega de sonhar com passeios de mãos dadas. Dessa vez vou fazer tudo direito. Chega.

E você nem sonha que eu sou meio ciumenta, bem chata, quero ser mãe e acredito no amor da minha vida. Acredito no amor pra sempre. Acredito em alma gêmea. Você nem sonha com essas coisas porque só conversamos coisas leves e engraçadas. E alguns assuntos cabeça também pra eu poder saber o quão inteligente você é.

Chega de ser a mocinha intensa. Que escreve. Que ama até virar do avesso. Não. Chega.

Eu corro pro espelho e repito cem vezes que EU NÃO GOSTO DE VOCÊ. Não gosto de você. Não gosto de você.

Porque se eu gostar de você, eu sei que você vai embora. Pra mais longe ainda. E eu simplesmente não agüento mais ninguém indo embora. Porque nesse mundo maluco só se dá bem quem ignora completamente a brevidade da vida e brinca de não estar nem aí para o amor. E eu preciso me dar bem e por isso ignoro minha urgência pelo seu beijo, pelo seu toque. Porque, se você sentir urgência em mim, vai é correr urgente daqui. Chega. Estou morrendo de vontade de ser eu, mas ser eu só tem me feito perder e perder. E eu quero ganhar. Só dessa vez. Chega.

Mas eu quero me dar de bandeja pra você. Dizer com todas as letras: A-P-A-I-X-O-N-A-D-A! Boba. Louca por você. E dentro de mim uma voz diz: vai, fala. Se abre. Revela. Vive um dia e já está bom. Mas não. Depois eu demoro semanas pra me levantar porque fui intensa e vivi um dia. Não agüento mais nada disso. Por isso, dessa vez, eu não vou gostar de você. Tchau. Digo que vou sair do MSN porque estou cansada. Você jura que eu não estou nem aí pra você. Melhor assim. Dessa vez quero fazer tudo certo.

Chega de fazer tudo errado.

Aí eu fico off line e olho aquele bonequinho verde do lado do seu nome. Três segundos e você também sai. A minha vontade é te ligar, pra contar o quanto gosto de você. E te pedir em namoro. E me declarar. Falar palavras lindas, frases perfeitas, poéticas, sensíveis. Mas não! Eu sou uma mocinha. E mocinhas só se declaram depois de um mês de namoro. Ou depois que o garoto fala que gosta delas. Dessa vez vai ser assim. Chega.”