quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"As coisas vão dar certo. Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz – se não tiver, a gente inventa!'' 

(Caio F.)

Feliz 2011!


"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente"

Carlos Drummond de Andrade



" Acredite em 2011."

"Depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro."


Caio F.

Uma epifania matutina.


O pai  de Alice a dizia para acreditar em seis coisas impossíveis antes do café da manhã. Seis, six, sei. Três pares, meia dúzia. Idealizadora que sou, sempre tendo que ser arrastada de volta para a realidade, minha mente roda enquanto vislumbro o número, e subjetivo a palavra "coisas".  O que seriam? Seis invenções? Paixões? Palavras? O impossível? Se eu quisesse não somente ir até a Lua, mas também nela sentar, e pescar estrelas, será que dá? Acho que pode; deve ser válido. E fazer brotar flores, com lágrimas? Cada choro, um buquê inteiro. Multicolorido. Ia ser lindo, não ia? Iventar orações, caracterizar expressões, converter ideologias? Ótimo seria. Acredito na evolução da tecnologia, sobretudo. E acho mágica essa concorrência deslavada, em que os reais ganhadores somos nós, os consumidores. Um brinde! De chá, claro, dona Alice.
Creio, sempre, nas pessoas. Tenho me decepcionado, nem sempre tem valido à pena, e meu coração tem cansado de inserir novas fichas, depositar novas chances. Mas o bom é que a roda gira, o mundo troca a marcha, e as pessoas mudam de lugar. Nova gente vem, enquanto almas arcaicas, ou que não dão mais liga, se vão; pra outros caminhos, distintos destinos, rotas e desvios. Ainda assim, fé em mim eu tenho. Aqui dentro, nos pensamentos, antes de dormir, ao acordar e em ações. Tento algumas vezes transferir força para quem necessita, o que também tem dado certo; e me transmitem bons pensamentos, frases belas e palavras de apoio, o que apenas me fortalece. Acho que é por isso que não desisti ainda desse ser único: o humano. Na criança que sorri, e cumprimenta com os olhos a nossa nostalgia em não saber nada de ruim do mundo, e saltitar pelas ruas. No amigo que nos abraça forte, quando precisamos. E na família, que nem sempre é sanguínea, mas sim por nós escolhida - companheirismo não acompanha sobrenome.
Acredito acima de tudo, no amor. Mas nem sei se isso conta, nesses tempos modernos. O adultério, a mentira e o egoísmo vem tomando conta de corações quebrados, que deveriam se curar com sentimento e boa vontade. Isso não deixa de me entristecer, mas também me faz acreditar mais forte e à fundo, que é pra dar força à qualquer custo. E se for parar para pensar, acredito em tantas coisas, que a cada manhã me renovo em novas seis idéias, e invenções. Como mulher, gostaria de pôr minhas esperanças de que há aí pelo mundo algum batom que fixa, mesmo degustando um bom vinho; alguma manicure que não tire bifes; uma costureira que faça o que nos é pedido (e em dia) e uma depiladora que não minta, quanto à dor. Seria ótimo se existisse um chocolate que não engorda, palhaço que ainda faz rir, e árvore que dá dinheiro. Detector de falsidade, seria altamente útil. Assim como, o de homens cafajestes - os quais nem assim, resistiríamos. Máquina do tempo, para viajarmos em modelitos passados, e nos reinventarmos, com as futuras promessas em tecido. Algum produto que nos faça ter o cabelo de antes: seja o antigo corte, ou a cor natural. A cada dia, o que precisamos, e ninguém cria. Ainda.
Porém, nada se compara ao que toda mulher quer acreditar. No que toda fêmea anseia por abonar. Em sonhos que se tornam realidades, e príncipes que já foram sapos, burros ou cachorros - mas que cabem no dia-a-dia e dão foto três-por-quatro para colocar na carteira; colocando a sua num porta-retrato ou no fundo de tela do computador. Em viver um amor real, concreto e que aconteça, dia pós dia. Dê continuidade, e não deixe nem medo, e muito menos covardia tomar conta. Que a faça sonhar de dia, e amar de noite. Levitar por entre praças, e jantar no bistrô barato do Centro. Se preocupe com a existência feminina não só do corpo, mas da alma e bem estar, que representa ela ali, de olhos fechados, dormindo, devaneando; em estado plenamente pacífico, e terra firme. Em finais felizes naturais, sem esforço, sacrifício ou perigo. Desejando silenciosamente que você lhe beije a face, e a queira com intensidade na sua vida. Seja para cantar junto, ou preparar um jantar. Para buscá-la em casa, ou assistir filmes ruins. Não pra um momento ou uma ação; mas se não for pra sempre, que seja eterno enquanto dure. Agora vamos lá, que o café acabou e a vida chama. Realidade, por favor?

(Camila Paier)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um amor de papel, belíssimo e revoltante.

“Foi quando eu senti, mais uma vez, que amar não tem remédio.”

[Caio F. Abreu]
"Eu que tinha trancado tudo aqui dentro dessa cavidade onde deveria haver um coração... que nem chorava mais por isso, e que abrigava uma tristeza que parecia nunca ter fim. Eu que não sorria mais pra nada, nem para ninguém, tive uma raiva danada, porque é bobo o jeito com que você consegue "perturbar assim o canto dos meus lábios."

 [Lia Araújo]



Lulu Santos - Auto-Estima
"Eu falo com você
até quando você não está.
E mesmo sem te ouvir,
eu já conheço a resposta.
É claro que eu te quero,
mais do que você à mim..
Que filme mais antigo.. que
teatrinho mais xinfrim.. que texto ruim...
Eu vou pedir pra alguém,
pra alguém reescrever minha vida.
(...)
Eu nunca mais quero escrever
outra canção assim...
Não quero mais sofrer"

domingo, 26 de dezembro de 2010


"Perdoe a falta de abrigo, é que agora eu moro no caminho."

(Marla de Queiroz)
"Tô pagando pra ver sim, tô com a cara exposta sim, e pode doer o quanto for, podem maldizer o quanto for, o sorriso que eu levo hoje apaga todos os outros rastros. Eu aprendi, aos trancos, que ser feliz não dói. Ser feliz não dói!"

(Tati Bernardi)
"Não quero uma vida pequena, um amor pequeno, um alegria que caiba dentro da bolsa. Eu quero mais que isso."

(Fernanda Mello)

Ao ano que vem.

Querido que ainda desconhecido, começo.Venho cheia de certezas bater um papo para, quem sabe, fazer com que entremos em sintonia. Mesmo que ande impossível, ou que assim seja para todo o sempre, em relação à mim - tão fugaz, fugídia, escapista. Porém, pedir que você permita que eu irrompa todas as instabilidades que vem pela frente, no formato vinte mais quatro horas, diariamente, é suplicar para que me atenda o telefone. Que pouse então, ao chão, e num mesmo nivelamento, eu possa com calma dar os passos que faltam para entrar em você serena, complacente. Tudo porque, como é de praxe, detesto final de ano. Me torno a pessoa mais reflexiva possível, e como é de conhecimento geral, pensar demais enlouquece, sim. Revejo erros, tento acertos atrasados, e tracejos promessas inconsequentes, que se quebrarão assim que a primeira semana de uma nova data se conferir por entre agendas e jornais, revistas. E você será a capa das infindáveis publicações, tentando ser compreendido pela massa, revolucionando com previsões que também em sua maioria não se cumprem. Se você promete a todos, caibo em meu papel de meu auto iludir - muito menos catastrófico, aposte.
Por fim, não se mire ao exemplo de seu irmão mais velho, que te cede o trono. Honre essa coroa que em ti estará, e dê a tal felicidade tão escondida, àqueles que não desistiram de tentar acertar nos dados que a vida joga. Olhe com sensibilidade para tudo que se plantou e ainda não floresceu, e não seja bandido de roubar da horta alheia, correta, para presentear aos que desmerecem: aja com justiça. Mesmo novo, vá por si só. Pense e aja com revolução, mudanças, inovações. Coloque alguns desafios, que é pra dar aqueles sustos de perder um pouco o sono e tremer na base de vez em quando, só pra não deixar demasiadamente fácil a tarefa que é ser humano e estar vivo. Deixe que o povo fale e ouça, que se comunique. Isso está em alta, te digo. Saber ouvir, e querer dizer, complementar; muitas vezes, é o que tem salvo casamentos quase desmoronados, e relações que ainda não tiveram tempo de amadurecer. Por favor, traga amor ao pessoal. Como dizem, sem gelo e em doses fartas: que nos embriague mais que a champagne do brinde à meia-noite, e faça jus às nossas roupas de baixo, sempre temáticas e piedosas. Mas amor que fique, amor real, sem contos de fadas e paixões borboleteadas. Real, e puro; forte e consistente, completamente apaixonado, e ainda assim, amável, o amor. Estável, entende. Que marque, mas também que fique. Que dê o gostinho de felicidade, mas que mostre também que há sabores ainda obscuros, igualmente imperdíveis.
Se você me vir, já sabe: avise o cupido que é pra acertar o alvo. Não só em mim, mas em alguém que queira exatamente o que desejo, me acompanhe. Traga mais risos infantis, em meios a tardes tediosas. Algumas brincadeiras com meus pequenos, que vejo crescer e sabe-se lá até quando assim será. Maior carinho entre eu e meus pais, que tanto amo e às vezes escondo. Guarde as tão minhas lágrimas para ocasiões necessárias, mas existentes (algum aperto no peito nos embriaga de nós mesmos por ventura, e além do mais, chorar só se for de alegria). Dias de verão, para que me sinta saudável e bonita. Dias de inverno, para que me aqueça em algum outro corpo que não sei e reconheça o aconchego de deitar e dormir, e se cobrir quase que até a cabeça. Conserve as amizades que fazem sentido, e pode levar aquelas que de superficialidade sobrevivem: quanto mais cedo o que não vale a pena se vai, aqueles que podem mudar nossa vida antes chegam. E para melhor. Bebedeiras com minhas companheiras, momentos de confissões entre amigas. Beijos apaixonados, ou não. Mas beijos. Abraços com altas doses de força e calor. Conselhos sábios, mas poucos - pergunte à seus antecessores: eu não sigo. Eventuais loucuras, para o livro de histórias da vovó que futuramente serei. Quem sabe um carro, aceito também um apartamento. Emprego, dinheiro no bolso, na carteira e espalhado pela bolsa. Saúde ótima, pra que eu tenha a liberdade de aprontar, aprender e fazer com que isso apenas me deixe ainda mais forte. Intuição e fé, pra que eu saiba os caminhos a seguir, e que sejam estes sem complicações fúteis.
E principalmente, 2011, que você me faça feliz. Não me maltrate, suplico. Me deixe contente em ter não apostado todas minhas fichas em você, e me surpreenda, se o caso for. Porém, que tatue nos cadernos e pautas, no que escrevo e que vivo a cor que o ano que ainda não terminou se esqueceu de fixar. Vilão que foi, acabou sem demais sorrisos, e levou consigo tanto a alegria extrema quanto a tristeza lamuriante que vivi os doze longos meses (quase) passados. Deixou vazio, inteirinho pra que você pinte e borde o que quiser. E que desde já, peço que é pra acontecer: que venha, e que chegue com força. Me surpreenda, e faça-se meu herói. Seja o que não foi 2010, e seu papel cumprido será: daqui um ano, quando estiver exercitando o pensamento e novamente dedilhando teclas e idéias, posso pensar 'não acabe dois-mil-e-dez, você não prometeu e existiu'.

(Camila Paier)

sábado, 25 de dezembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

“Não me alimento de quases e não me contento com a metade. Não serei sua meio amiga e nem te darei meu quase amor, é tudo ou nada. Não existe meio termo.”

- Marilyn Monroe

"Não desejo encontrar alguém que me complete, é pouco, mas que me transborde, até o final cansar e ser só início."


(Fabrício Carpinejar)
 
..e o meu riso é tão feliz contigo.
"Nossas percepções são as nossas interpretações do mundo.
Nós, e apenas nós, escolhemos o que sentir."

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


"Que outra mulher te veria além da sua casca? Pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem. E, quando você estava rindo de tudo, era na minha neurose que encontrava um pouco de chão. E, quando precisava se sentir especial e amado, era pra mim que você ligava. E, quando estava longe de casa gostava de ouvir minha voz pra se sentir perto de você.Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso.Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim. Sabe o quê? Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto.Também sou convidada para essas festinhas com gente "wanna be" que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado."

(Tati Bernardi)

Lista confusa de fim de ano.

"Modelei sozinha a doçura de meu coração, eu o vejo cada vez mais perto, sua eterna fraqueza é seu eterno encanto. Este livro é feito de lágrimas que não pude derramar, de medos ocultos em meu sorriso. Este livro existe porque em uma manhã disse a mim mesma que era preciso suavizar todos os meus temores e todas as minhas perdas para transformá-los em açúcar dentro de mim, porque sabia que só assim você poderia me amar."
[Mian-Mian – Bombons chineses]

" Que seja doce". Aprender a ser miudinha. Aceitar ser grande. Costurar nuvens. Entrelaçar sonhos e fazer uma cortina bonita sempre ao alcance do olho. Tecido azul escuro. Estrelas prateadas. Céu estrelado. Pegar a fantasia mais leve no baú da memória. Vestir-se. Acreditar. Passar os dias. Dormir. Não falar com ninguém. Não sorrir. Pensar em demasia. Não sentir nada. Não escrever. Ler. Sair de nós. Cair nos outros. Dançar em meio aos escombros. Sonhar de olhos abertos. Entorpecer. Silenciar as músicas. Quebrar teorias. Vaguear. Afastar as pessoas com as mãos. Pedir ajuda. Agarrar-se ao colo materno. Enlouquecer. Sair do presente do passado. Contrariar. Confundir. Comer torta de limão com colher de plástico. Esquecer. Trazer à tona coisas adiadas. Sorrir para o espelho. Dizer “eu te amo” pra si. Ajoelhar. Respirar horizontes. Transpirar tranqüilidade. Assistir desenho animado. Ver carneiros através de caixas. Abraçar a tristeza que se sente. Bendizer a felicidade posterior. Olvidar. Esperar a bonança da tempestade. Não pensar. Não ter medo de chorar. Esperar a chuva para merecer o arco-íris. Fugir. Voltar. Ouvir os risos que se riram. Guardar a louça. Fechar o  guarda-chuva. Se resfriar. Ficar de cama. Tomar chocolate quente. Colo para colar a cabeça e apenas suspirar. Ouvir a bússola do lado esquerdo. Desobedecer. Enluarar. Roubar tristezas. Restituir alegrias. Não responder. Não entregar. Fazer. Desfazer. Desanuviar. Assobiar. Ter overdose de doçura. Cair na teia do acaso. Rir das desgraças. Chorar das conquistas. Remar. Soltar os remos. Ir à deriva. Tropeçar. Levar nas mãos o brilho do sol. Gargalhar. Irritar. Seguir o caos. Participar da dança dos erros. Amordaçar sentimentos. Roubar o último brigadeiro. Libertar as borboletas. Desistir. Insistir. Adocicar. Cantar. Calar. Pilhar. Pirar. Ser sensata. Caçar vaga-lumes. Sem pausa. Play. Forçar. Descontrair. Desarrumar livros. Jogar fora cartas antigas. Colorir. Desbotar. Remedar para deixar mais bonito. Empilhar cartas de baralho. Estragar. Arrumar a cama. Par de meias listradas. Abrir as janelas. Assistir filme em tailandês. Colocar o despertador atrasado. Enfiar o dedo no bolo. Lamber o glacê. Deletar pessoas. Fazer login. Desdobrar. Romantizar. Poetizar. Fazer cata-ventos. Soprá-los. Dizer sim. Dizer não. Fazer da gentileza uma oração. Com humor seguir. Com mau-humor parar. Em dias felizes embrulhar sorrisos em papel filme. Desembrulhar em dias de chuva interna. Insistir no que é bonito. Economizar vaidades. No lugar da cicatriz colocar um remendo colorido. Perder o norte. O fio da meada. Sofrer. Iludir a vida. Agradecer. Rir. Dulcificar. Acriançar. Endultecer. Inventar palavras quando se quer sentir diferente. Não nomear, às vezes. Transcender. Emanecer. Sobrar bolinhas de sabão. Ler o horóscopo. Não segui-lo. Encher. Esvaziar. Barquinho de papel na mão. Sair. Ficar. Entregar o livro no dia certo. Zombar do trânsito. Perdoar. Fazer tudo que não fiz esse ano. Doar. Não doer. Doer.
Porque o que sinceramente dói não são as palavras que durante todos esses anos ficaram por ser ditas, empilhadas entre o pavor  que não gritamos e os sonhos que não transpirei. O que verdadeiramente dói são os silêncios que nunca habitamos do mesmo lado. Porque o silêncio só pode ser partilhado com aqueles que amamos.

Amém!
Oxalá!
Que assim seja!

[Lia Araújo]


Se, ao acordar, posso escolher uma roupa, posso escolher também o sentimento que vai vestir meu dia. Se, no percurso, posso errar o caminho posso também escolher a paisagem que vai vestir meus olhos. A mesma articulação que tenho para reclamar, tenho para agradecer. E, se posso me adornar com a alegria, não é a tristeza que eu vou tecer. Que hoje e sempre, seja mais um belo dia!


[Marla de Queiroz]

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O ator - Tati Bernardi

Estou dentro do carro há vinte minutos e ele não desce. Ligo e ele não atende. Ele sabe que estou aqui, eu disse que estava saindo. Ele então aparece, colocando o cinto na calça. Vejo um pedaço da barriga. Ele entra no carro e aperta meu braço. Eu vejo um pedaço do calcanhar. Eu vejo um pedaço da nuca e ela está vermelha, coisa de quem se enxugou rápido porque ficou enrolando pra tomar banho. Eu tenho um impulso de enfiar minha cara inteira dentro da camisa dele pra cheirar o centro do seu peito. Onde mistura o cheiro do amaciante, dos pelos e do desodorante que parece ter o cheiro das testosteronas dos deuses. Quando se está com um homem assim, eu lembro “meu deus, como eu gosto disso”. Eu não gosto de trabalhar, eu não gosto de mais da metade de tudo que eu como, eu não gosto de falar ao telefone, eu não gosto de ser paquerada, eu não gosto de festa de família, eu não gosto de acordar, eu não gosto de pagar conta, eu não gosto de muito mais da metade das pessoas que comprimento, eu não gosto das minhas roupas, eu não gosto de 80% dos papos que as pessoas querem começar comigo, eu não gosto de colocar o umbigo nas costas na aula de yoga, da minha vizinha que está sempre berrando com alguém ao telefone, eu não gosto da louça, do pessoal que me pergunta como faz pra trabalhar num sei onde, de listas de presentes. Mas eu gosto disso, eu vivo pra isso, eu acordo pra isso, eu trabalho pra isso, eu tomo banho pra isso. Isso é: esse momento em que eu coloco minha cabeça numa caixinha e sou inteira um animal predador que pode matar pra ter o que comer ao final. O cabelo dele é muito cabelo.
Ele tem uma covinha na expressão da boca. Não é onde as pessoas graciosas tem. É na expressão do sorriso. Ele parece desenhado por alguém minuciosamente grosseiro. Ele então começa seu festival de me adores. Ele é ator. E começa então com seu festival de me adores. Ele quer ser adorado. Ele tem mulheres mais bonitas e o que tenho de melhor ele nem tem muita capacidade mental pra valorizar. Mas ele sabe que tenho algo diferente e que é legal ser adorado por uma garota que tem algo de diferente. E eu o adoro. Ele fala sobre o horário da madrugada que acordamos com um frio no estômago. É um texto que recebeu e tem que decorar para uma leitura. Ele não consegue explicar nada sobre o texto. Ele me pergunta porque almoçar é com ç e almocei não. E isso, dito por um deus grego, me parece um tratado profundo sobre a humanidade. Não importa, amor. Basta saber que seu gigantesco ombro ultrapassa os limites do banco do carona e vai o caminho inteiro roçando em mim. Ele se demora no cardápio. Ele adora as refeições semanais nas quais uma garota com olhos enormes pra cima dele, presta atenção quase que religiosa a tanta baboseira. Ele conta em detalhes sobre a peça e a outra peça e a novela e o filme e as famosas todas que ligam pra ele o tempo todo e os produtores e esse papo que nunca quer dizer nada a não ser sobre ele próprio enquanto ator. Eu escuto nononononononononono. Não, não é isso. Eu escuto música clássica.
E torço para que o tormento acabe logo. Vamos logo pra casa. Me conte tudo isso pelado, que tal? Eu juro que escuto tudo, dou minha opinião e de repente até te escrevo uma peça inteira na qual você, nu…Eu só penso nele pelado. Ele é uma linda moça chata e eu um macho encantado pelo filme mais lindo do cinema mudo. Enquanto ele tenta concluir frases, eu me pego pensando “se ele não quiser ir pra minha casa, não vou pagar a droga da conta. Se ele não quiser ir pra minha casa, eu vou tentar no carro e eu…eu vou ficar louco se ele não quiser ir pra minha casa”. A ereção da mulher é ainda mais forte porque não tem fim. É no buraco da existência. Ele pede o décimo café e quer falar mais e contar mais. E encosta em mim, gosta de sentar colado, e fala ao meu ouvido, e mexe no meu cabelo. Me adore, eu sou ator, me adore. Sim, querido, muito, muito. Em casa, ele deita no sofá, sou sempre eu que tenho que começar tudo. Eu que faço a massagem, o carinho, eu que mordo, assopro, lambo e mais esse monte de coisa. Quase tenho saudade da entrega perfeccionista que só os feios e os pobres têm como qualidade. Mas passa rápido. Ele pede, reclama, dorme, acorda, pede mais. Sim, querido. Deixa tudo comigo, apenas exista. Pessoas como você apenas precisam existir e nada mais, pessoas como você podem tudo, até escrever almocei com ç. Aliás, você tem razão, almoçei é a coisa mais linda que já vi na minha vida.
“Te escrevo por absoluta necessidade. Não conseguiria dormir outra vez se não escrevesse. Isso porque algumas pessoas são tão especiais que é como se esse mundo não fosse suficiente para abrigar o carinho que sentimos por elas, transcende." 

Caio F. Abreu

"Uma vez li que existem algumas pessoas que nunca se sentem satisfeitas nesse mundo: é como se o mundo não oferecesse a forma que essas pessoas anseiam. Foi numa coisa dessas de numerologia. Pode ter sido uma grande bobagem, mas me fez refletir. Ser diferente não é ser superior, não é melhor, nem pior, é viver na singularidade de cada um.
...e, apesar de achar o planeta lindo, apesar de achar a raça humana linda, ela não tem nada a ver comigo."

(Pedro Marchini)

Só com gente da mesma raça!

"Mais tarde eu saberia que certas experiências se partilham - até mesmo sem palavras – só com gente da mesma raça. O que não significa nem cor, nem formato de olho, nem tipo de cabelo, mas o indefinível parentesco da alma."

Lya Luft

Plebéia


Sou branca, mas não de neve; e sim, de lua. De me esbaldar na noite, e não ter forças para levantar e pegar o próximo sol da manhã. Não sei se apareço em espelhos que me indicam como a mais bela, mas há milhares de bruxas à minha caça, soltas atrás de mim. No lugar de sete anões, me enviaram dois pestinhas, aos quais caridosamente chamo de irmãos. Trocaram a casinha pequena que devia me servir como esconderijo por estes três andares espaçosos. Sem saber quem é você, espero que me espie à espreita, a conversar com os passarinhos na sacada. Ainda assim, morderia cada uma das maçãs envenenadas existentes apenas para beijar você em todas as vezes, desperta.
Vezenquando sou bela, porém adormecida não me encontro. Viro é a fera, a qualquer instante (ferida, ou não). Minhas três fadas, são as possíveis madrinhas do meu futuro casamento: minhas melhores amigas. A maldição que sofri, é provável que ainda não tenha se quebrado: o azar é inúmero, e o príncipe ainda não esfaqueou o coração da vilã travestida em dragão. Aliás, ainda nem ao menos sei se o moço já chegou. Tampouco, se capaz seria de se armar contra o tédio, a desconfiança, e a promiscuidade. Esperaria cem anos em sono profundo se possível, se quando acordasse com seus lábios nos meus, tudo estivesse exatamente igual e o saldo somasse um grande amor.
Meu maior sonho não é ir do mar, à terra, e nem ao menos, possuir um par de pernas. Confesso então, que viajar os céus para longe me parece uma das mais atraentes idéias. Vender minha única imortalidade possível, a escrita, por algum desvario inconsequente, não me parece plausível. Enquanto isso, alguns princípios já cairam por terra, e muitas verdades foram reconstruídas, em prol de grandes amores que não deram pé.
Graças a Deus tenho mãe, porém sou escrava da moda. Sou prendada na cozinha, e uma mula quanto à limpeza. Ganho regalos de uma avó coruja, que me parece muito mais fada do que qualquer madrinha. Aqui em casa não há ratos, mas meu cachorro me socorre em alguns momentos de solidão. Não constrói todo um vestido, mas é capaz de me fazer abrir um sorriso, ao chegar em casa. Converto os bailes, em pubs e festas, bares e jantares. E tão mais esquecidos que eu, os protótipos de realeza deixam o sapatinho salto doze lá, esquecido. De cristal, ou não.
Sou ciumenta, mas não demonstro, assim como também não tenho asas e nem pó de pirlimpimpim  no vestido curto. Nunca tive um amor impossibilitado por guerras e em lado oposto, mesmo que minha personalidade forte entrasse em conflito e algumas cabeçadas tenham sido dadas, se preciso. Estou só no galho da mais alta árvore, esperando ainda Tarzan chegar. Janto sozinha em palácios enormes, enquanto Alladin não derrota Jafar e vem me buscar.
Cabelos enormes, e o que me resta então é ser filme inédito e uma história já manjada. Alguém que suba pela minha trança embutida e não se importe de comigo ficar numa mesma torre, distante da civilização moderna e todo esse caos urbano. E que me devolva a alegria roubada dos dias anteriores, junto com o pote no fim do  arco-íris. Por enquanto, sou só uma plebéia que não se incomoda em fazer uso do transporte coletivo, ou de caminhar a pé quando necessário. Arrumar a casa, o quarto e em dias de unha já descascada, lava a louça. O dia em que a carruagem chegar, que seja pequena.

Camila Paier

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Eu constantemente sinto saudades
das coisas que perco, mas não as quero de volta.
Já doeu uma vez..."

[Caio]
Meu coração tá ferido de amar errado. De amar demais, de querer demais, de viver demais. Amar, querer e viver tanto que tudo o mais em volta parece pouco. Seu amor, comparado ao meu, é pouco. Muito pouco. Mas você não vê. Não vê, não enxerga, não sente. Não sente porque não me faz sentir, não enxerga porque não quer. A mulher louca que sempre fui por você, e que mesmo tão cheia de defeitos sempre foi sua. Sempre fui só sua. Sempre quis ser só sua. Sempre te quis só meu. E você, cego de orgulho bobo, surdo de estupidez, nunca notou. Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter; são como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. Você, meu homem, é que não soube cuidar. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado. Seja feliz.” 

Caio Fernando Abreu

"Se eu não me amar, estarei perdida - porque ninguém me ama a ponto de ser eu, de me ser."

(Clarice Lispector)
"Aquele garoto levou meu amor embora."

(The Beatles)

"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"


Caio F.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


"Fazia muito tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém, então era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos de meus lábios."

(Caio Fernando Abreu)
"Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego."

(Guimarães Rosa)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


"Me encantei.
A culpa é minha. Minha e das minhas expectativas.
Minha e das minhas lamentáveis escolhas.
Minha e do meu coração lerdo. Minha e da minha imaginação pra lá de maluca.

Então, com licença, deixe eu e minha culpa em paz.
Eu e meu delicioso perdão por mim mesma.
Eu só te peço uma coisa. Para de culpar a vida. Pare de ter pena de você.
Se assuma. Se aceite. Se culpe. Se estrepe. Se mate.
Mas se perdoe.
Pelo amor de Deus, se perdoe.
Somos todos culpados, se quisermos.
Somos todos felizes, se deixarmos."

(Fernanda Mello)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ela é mistério, esse jeito sério
Pode esconder uma paixão
Ela é segredo, ela mete medo
Só pra assustar meu coração
Ela é tão bonita, que até deus duvida
Dessa sua cara de ruim
Ela é teimosa, ela é toda prosa
E dizem que ela sempre foi assim

Jeito de cowboy num corpo de mulher
Do tipo que não olha pra ninguém
E ela não dá trela, mas acho que espera
E sabe que o amor um dia vem

Pega essa menina, segura esse peão
Quem quiser domar seu coração
Chegue de mansinho, e abrace com carinho
Senão vai acabar beijando o chão
Não tente dominar, não tente segurar
A brasa vai queimar na sua mão
Não sei o que ela traz
Mas sei do que é capaz
Aposto que ela é pura emoção!

(Da música: Pura emoção - Chitãozinho e Xororó)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"Eu quero eternizar o seu sorriso lindo – mas eu nunca falei dele pra você. Nem falei do seu cheirinho bom. Que é o cheiro de uma nova vida que eu estava precisando tanto... E você nem sonha que eu sou meio ciumenta, bem chata, quero ser mãe e acredito no amor da minha vida. Acredito no amor pra sempre. Acredito em alma gêmea." 

(Tati Bernardi)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

(...) Ele me faz rir, ele me faz bem. É ele. Sem dúvida alguma, é ele.

(Caio, né!)

domingo, 12 de dezembro de 2010


"E eu digo o tempo todo: o teu ser é conjunto do meu, assim adoçamos nossas vidas..."

(Caio Fernando Abreu)
" - Eu gosto de ti (... ) Eu gosto muito de ti. Eu gosto tanto de ti."

(Caio Fernando Abreu) 

"Apanhe todos os pedaços que você perdeu nessas andanças e venha."

(Caio Fernando Abreu)

"(...)
Eu sabia.
Era ele e ninguém mais, que faria..
Esse bem que ninguém faz..
Fui me entregando e, aos poucos, senti.
Que quando a gente se entrega por inteiro é amor..
O gosto de um beijo fica pra sempre quando é amor..
Ainda me lembro do sabor.."

(Quando é amor - Victor e Leo)


"Me desperdiço, me doo, me comovo, me arrebento de existir." 

(Fabrício Carpinejar)

"Meu analista me avisou. Mas você era linda, e eu troquei de analista."

(Do filme: Manhattan, Woody Allen)

"Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Eu nunca vou entender.

 

"Mais um domingo que você me liga. Igual faz a uns quatro ou cinco anos. Você beija a sua mãe depois do churrasco, dá um oi carinhoso e finalmente pensa sem culpa na sua ex, cheira sua camiseta pra ver se a coisa tá muito feia e descobre que sua vida está prestes a ficar vazia: chegou a hora de me ligar.
Você não sabe ao certo o que vê em mim, mas também não sabe ao certo o que não vê. Você sabe que pode ter uma mulher mais gostosa do que eu, mas por alguma razão prefere a gostosa garantida, aquela que ainda ri das suas piadas. Mesmo sendo as mesmas piadas há quatro ou cinco anos.
Aí você me liga, com aquele ar descompromissado e meigo de quem só quer ir no cinema com uma velha amiga. Eu não faço a menor idéia do que vejo em você, mas também não faço idéia do que não vejo. Eu posso ter um cara mais gostoso, como de fato já tive milhares de vezes. Mas por alguma razão prefiro suas piadas velhas e seu jeito homem de ser. Você é um idiota, uma criança, um bobo alegre, um deslumbrado, um chato. Mas você é homem. E talvez seja só por isso que eu ainda te aguente: você pode ter todos os defeitos do mundo, mais ainda é melhor do que o resto do mundo.
Aí a gente, sem saber ao certo o que está fazendo ali, mas sem lugar melhor para estar, acaba pulando o cinema que nunca existiu e indo direto ao assunto. O mesmo assunto de quatro ou cinco anos que, assim como as suas piadas, nunca cansam ou enjoam.
E aí acontece um fenômeno muito estranho comigo. Mesmo quando não é bom, mesmo quando cansado e egoísta você não espera por mim e vira pro lado pra dormir ou pra voltar à sua bolha egocêntrica de tudo o que é seu, eu sempre me apaixono por você. Todas as vezes que te vi, nesses últimos quatro ou cinco anos, eu sempre me apaixonei por você. Eu sempre estive pronta pra começar algo, pra tomar um café de verdade, pra passear de mãos dadas no claro, pra poder te apresentar ao sol sem receber mensagens de gente louca ou olhares curiosos, pra escutar uma piada nova. E você sempre ignorou esse fato, seguindo seu caminho que sempre é interrompido pelo vazio da sua camiseta fedendo a churrasco. Eu nunca vou entender. Eu nunca vou saber porque a vida é assim. Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais.
Eu só sei que agora eu vou tomar um banho, vou esfregar a bucha o mais forte possível na minha pele e vou me dizer pela milésima vez que essa foi a última vez que vou ficar sem entender nada. Mas aí, daqui uns dias, igual faz há uns cinco ou seis anos, você vai me ligar. Querendo pegar aquele cineminha, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo."

(Tati Bernardi)

..demoras e ausências.


É fácil falar de espera
quando não é você que está do outro lado da linha
enquanto não é sua caixa de correios que lota de cartas
e não é sua casa que tem paredes de sobra

É simples não se preocupar com o tempo
quando não é o seu corpo que acumula ausências
enquanto não é sua boca que guarda beijos para depois
e não é a sua pele que se perfuma para ninguém

Seria lindo e ótimo poder observar e
aconselhar que é importante esperar, aguardar
mas agora não dá mais,
estou com vontade de morrer...
de encontro e felicidade.


Cáh Morandi

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Hora do embarque!


"Se você tem a coragem de deixar para trás tudo que lhe é familiar e confortável (pode ser qualquer coisa, desde a sua casa aos seus antigos ressentimentos) e embarcar numa jornada em busca da verdade (para dentro e para fora), e se você tem mesmo a vontade de considerar tudo que acontece nessa jornada como uma pista, e se você aceitar cada um que encontre como professor, e se estiver preparada, acima de tudo, para encarar (e perdoar) algumas realidades bem difíceis sobre você mesma...então a verdade, não lhe será negada."

Texto do livro Comer, Rezar e Amar - Elizabeth Gilbert
 "O mundo pode continuar feio que eu vou continuar sentindo coisas bonitas."
(Tati Bernardi)

"Compre meu coração, compre minha alma. Recuse minha incapacidade de me achar amada e me ame."

(Tati Bernardi)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Demorei muito pra te encontrar, agora eu quero só você.


"Ficou na memória dos meus olhos..
o clarão do sorriso dos seus.
Depois disso, tudo o que sorri pra mim
com algum sol faz eu lembrar de você."


(Ana Jácomo)
“Que seja doce o dia quando eu abrir as janelas e lembrar de você. 
Que sejam doce os finais de tardes, inclusive os de segunda-feira - quando começa a contagem regressiva para o final de semana chegar. 
Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. 
Que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone. 
Que seja doce o seu cheiro. 
Que seja doce o seu jeito, seus olhares, seu receio. 
Que seja doce o seu modo de andar, de sentir, de demonstrar afeto. 
Que sejam doce suas expressões faciais, até o levantar de sobrancelha. 
Que seja doce a leveza que eu sentirei ao seu lado. 
Que seja doce a ausência do meu medo. 
Que seja doce o seu abraço. 
Que seja doce o modo como você irá segurar na minha mão. 
Que seja doce. 
Que sejamos doce.”

[Caio Fernando Abreu]

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"...dá-me o direito..
de dizer coisas sem sentido, 
de não ter que ser perfeito ..
Pretérito, sujeito, artigo definido .. 
de me apaixonar todo dia..."

(Vander Lee)